imagens, registros e reflexões sobre a versão em HQ de "As Barbas do Imperador" de Lília Moritz Schwarcz

sábado, 29 de setembro de 2012

"Isto fala!"

 
D.Pedro II foi interpretado neste filme americano de 1930, misto de palestra e documentário:
 
A interpretação é meio canastrona, mas não posso deixar de sentir um orgulho patriótico boboca ao ver que eles fizeram uma caracterização cuidadosa do imperador brasileiro...
 
(revendo o link original do filme, no site de AT & T, vejo a informação de que a parte da palestra foi feita pelo próprio assistente de Graham Bell, mr. Watson, gravada exatamente 50 anos depois da descoberta do telefone e do encontro com d. Pedro. Então, os artefatos que ele segura são os que ele próprio manufaturou. Sabendo disso, a palestra inicial algo monótona ganha um interesse maior).
 
Abaixo, a minha recriação.
O encontro se dá na Exposição da Filadélfia, no centenário da Independência dos Estados Unidos, em 1876. D.Pedro é o convidado de honra e abre a exposição junto com o presidente Ulysses Grant, general que comandou as forças nortistas na Guerra da Secessão.
 
 
A comissão julgadora ia passando pelo estande de Graham Bell sem dar maiores atenções, quando D.Pedro - que havia conhecido Graham Bell em Boston, em sua escola para surdos-mudos - pára para cumprimentar o inventor e faz o primeiro teste público do telefone, chamando a atenção dos investidores.
 
(*queria saber desses malditos reformadores ortográficos, como se pode distinguir este "pára para cumprimentar" sem o uso do acento agudo na terceira pessoa do singular do verbo "parar"... quem teve esta brilhante idéia? ).


Esta é uma réplica do aparelho usado em 1876. Do original só resta uma parte.
No filme de 1926, Graham Bell às vezes tira o funil acústico para falar mais perto do receptor.
 

E abaixo, algumas cenas do filme. Aos 5 minutos já aparecem as cenas com d.Pedro.
Eu achei muito legal, especialmente depois de já ter feito outros aspectos da Exposição.

O ator é engraçado, tem gestos largos e generosos, teatrais, como um monarca europeu em férias. Mais fanfarrão do que o d.Pedro real, certamente, mas gostei da caracterização: mostra que os realizadores consultaram fotografias e documentos, com desejo de retratar com fidelidade os personagens (não tentaram retratar a "idéia" de um imperador latino-americano, com elementos tropicais... sem dúvida, tentaram se aproximar da imagem real de d.Pedro). E, se a dramatização contou com a consultoria do mr. Watson real, ele também pode ter visto e conversado com o imperador mais de uma vez.

Fiquei com a impressão de que a dramatização foi feita primeira em filme mudo, e depois com o advento do som, algumas cenas mais em close, com os personagens conversando, foram adicionadas. Notei algumas diferenças de cenário entre o plano mais geral, e o plano médio em seguida quando os atores falam. Mas foi feito com cuidado.

Não percam o filme, é bem curioso.
http://www.youtube.com/watch?v=eQd3H8AmtP0&feature=related

Fiquei com vontade de rever o d.Pedro interpretado por Cláudio Marzo no filme "Xangô de Baker Street", de 2001, do livro de Jô Soares; também Sérgio Brito nos especial da Globo "O Natal do Menino Imperador" de 2009 (um primor de absurdos históricos).

http://www.youtube.com/watch?v=lRqK4raKsqA
http://www.youtube.com/watch?v=xbiDHiqj_Bk

Este filminho americano de 1930 foi mais cuidadoso que a Globo com a História do Brasil.
Novidade...