imagens, registros e reflexões sobre a versão em HQ de "As Barbas do Imperador" de Lília Moritz Schwarcz

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Père Vieira en Bande-Dessinée

Desde agosto de 2013 me correspondo com um admirador francês de coisas brasileiras, que quis conhecer o meu "Jubiabá". Como eu, tem raízes italianas - seu nome é Bruno Moro - e escreve no blog
http://librairie-entropie-paris.blogspot.fr/

Jorgeamadófilo confesso, Bruno também lê e comenta João Ubaldo Ribeiro e Machado de Assis. Se mais brasileiros nos lessem como ele... (há também resenhas sobre Victor Hugo e Céline, memórias de soldados franceses da Primeira Guerra Mundial, os "poilus", e outras raridades dignas de serem vasculhadas).

Neste Natal ele retribuiu meu cartão do padre Vieira com um presente: a tradução da minha HQ para BD - "banda desenhada", como os quadrinhos são conhecidos na França e em Portugal.
Muito merci, Bruno! Fiquei très contente.

Mas vejam no blog Librairie Entropie a postagem original:
http://librairie-entropie-paris.blogspot.fr/2013/12/parce-que-cest-aujourdhui-noel-le-verbe.html




quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

o Padre Vieira e Spacca desejam a todos um Feliz Natal

Comecei a gostar do padre Antônio Vieira (1608-1897), um dos maiores escritores e oradores da nossa língua, no curso "Prática de Leitura e Formação do Estilo" do professor Rodrigo Gurgel http://www.cedetonline.com.br/index.php/professores/prof-rodrigo-gurgel , que nos apresentou o divertidíssimo "Sermão aos Peixes".

Admirar Vieira apenas por ele ter defendido os índios e os judeus, combatido a escravatura e desafiado a Inquisição, é muito pouco. De que vale admirar as ideias de um homem e não ser capaz de lê-las, ainda por cima escritas em nossa própria língua? É como admirar um livro pela capa, é gostar de uma fruta e não saber que gosto tem.

Vieira é inteligente, erudito, profundo, lógico, irônico, original e um tremendo artista da língua portuguesa, sempre eufônico, faz música com palavras.

Vale a pena nos tornarmos melhores leitores para ler Vieira. As citações em latim podem assustar, embora traduzidas no próprio texto, mas quase nunca ao pé da letra - Vieira gosta de florear, e extrair de cada citação muito mais do que ela aparentemente diz. Vale a pena vencer o preconceito linguístico contra a "norma culta", injustamente acusada de ser a "língua das elites". Nada mais falso. Machado de Assis e Lima Barreto que o digam. Rompamos o apartheid linguístico que deseja encerrar as gerações de hoje no gueto do presente e da língua mais tosca. A verdadeira diversidade inclui, não exclui, os melhores textos e autores. Mas Paz, Paz...

Leiamos e ouçamos Vieira, deixemos falar Vieira. Se os romanos perderam o seu latim, vamos nos esforçar para não perder o nosso português.
Feliz Natal! E um 2014 com muita saúde, coragem e alegria.
(clique nas páginas para ampliar)